Wind of Change

scorpionsEle era um moleque, eu era criança.

O menino era um galinha. Namorava a garota mais cobiçada da rua, mas ainda pegava todas as amigas dela. Nesse tempo o termo “ficar” nem existia, ele precisava camuflar suas escapadas com brincadeiras de Mandrake e Cai no Poço. Mesmo assim, eu era apaixonadinha pelo idiota.

A namorada dele era minha vizinha e sempre me pedia para ficar de guarda enquanto eles se amassavam num canto da viela. Eu fazia o serviço sujo… para garantir que o pai dela não visse a cena e para garantir os dentes da minha boca (a mocinha era sangue no olho). Largando as bonecas ainda, ali estava eu já sofrendo por amor não correspondido. Sofria em vê-lo com outra (s).

Eis que chega meu dia de triunfar. O garoto surtou e decidiu que não queria pegar mais ninguém; resolveu me pedir em namorico. Meu coraçãozinho quase parou, mas tive que ser forte e pedi que ele esperasse minha resposta, pois precisava pedir permissão aos meus pais. Ele concordou e lá fui eu me encher de coragem para passar no meio da noite um bilhetinho por debaixo da porta do quarto do meu pai, onde eu pedia a tal autorização (rs).

No dia seguinte minha mãe já esclareceu logo cedo que não deixaria que eu namorasse com o moleque. Toda murcha, dei a notícia a ele no mesmo dia. Depois passei tardes a fio no meu quarto, chorosa, ouvindo a balada hit nas rádios naquele momento: Wind of Change.

Dias depois desse lamento todo, o garoto aprontou alguma e foi parar na Febem. Só o reencontrei uns 5 anos depois. Ele todo lascado, feio, envolvido com coisa errada, e eu feliz da vida, namorando um príncipe-sonho-de-consumo.

Naquele dia, tão jovem ainda, eu pude entender as boas voltas que o mundo dá, e fiquei feliz por não ter feito o que todas as garotas da rua fizeram. O melhor ficou para depois. 😉

Letra: Wind of Change (Scorpions)

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